O estrabismo é uma alteração no alinhamento dos olhos em que eles não apontam para a mesma direção ao mesmo tempo.
Enquanto um olho fixa o olhar em determinado ponto, o outro (ou até ambos os olhos), pode desviar para dentro, para fora, para cima ou para baixo.
Esse desalinhamento ocorre quando os músculos oculares não trabalham de forma coordenada, fazendo com que o cérebro receba imagens diferentes de cada olho. Com o tempo, especialmente nas crianças, o cérebro pode “ignorar” a visão do olho desviado para evitar a visão dupla, o que leva à chamada ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”.
A boa notícia é que o estrabismo tem tratamento! Em muitos casos, é possível alinhar os olhos, recuperar a visão binocular (quando os dois olhos trabalham de forma conjunta e equilibrada) e evitar complicações quando o diagnóstico é feito precocemente.
O tratamento depende da idade do paciente, do tipo e grau de desvio e da presença ou não de ambliopia.
O objetivo é alinhar os olhos e garantir que ambos trabalhem juntos de forma equilibrada.
Tratamentos:
A primeira forma de tratamento é a correção óptica com óculos ou lentes de contato. Quando o estrabismo está associado a erros refrativos, como hipermetropia, miopia ou astigmatismo, o uso de óculos pode ser suficiente para corrigir o alinhamento. Em alguns casos, o oftalmologista pode indicar lentes prismáticas, que ajudam a compensar o desvio e reduzir a visão dupla em pacientes com estrabismo adquirido.
Em crianças que desenvolveram ambliopia, o tratamento pode incluir o uso de tampão (oclusão) sobre o olho dominante por algumas horas ao dia. Essa prática estimula o uso do olho desviado, fortalecendo-o e ajudando o cérebro a restabelecer o equilíbrio visual.
Outra técnica possível é a que utiliza colírios, chamada de penalização, para desfocar temporariamente o olho bom, produzindo o mesmo efeito da oclusão.
Outra abordagem importante são os exercícios ortópticos, também chamados de terapia visual. Eles ajudam a melhorar a coordenação entre os músculos oculares e o controle do olhar. Esses exercícios podem ser indicados antes ou após a cirurgia, auxiliando na reabilitação visual e na fusão das imagens dos dois olhos.
Em alguns casos, o uso da toxina botulínica (Botox ocular) é uma alternativa menos invasiva. Ela é aplicada diretamente em um dos músculos oculares, relaxando-o temporariamente e permitindo o realinhamento dos olhos. O efeito dura, em média, seis meses, e o procedimento pode ser repetido conforme a necessidade.
Quando os métodos clínicos não são suficientes, a cirurgia de estrabismo é o tratamento indicado. Ela consiste em reposicionar ou ajustar os músculos extraoculares, equilibrando a força entre eles para alinhar os olhos. A recuperação costuma ser rápida e pode ser complementada por óculos e/ou exercícios ortópticos para otimizar o resultado.
Tratar o estrabismo o quanto antes faz toda a diferença. Nos primeiros anos de vida, o sistema visual ainda está em desenvolvimento, e há maior chance de corrigir o alinhamento sem sequelas. Além de proteger a visão, o tratamento precoce também traz benefícios emocionais e sociais, melhorando a autoestima da criança e evitando constrangimentos.
Em resumo, o estrabismo tem tratamento e, em muitos casos, cura.
O segredo está no diagnóstico precoce e no acompanhamento regular com um oftalmopediatra especializado.
Se houver qualquer sinal de desvio ocular ou dificuldade para focar, procure avaliação com um especialista.
Dra. Lívia Andrade Kühl
Oftalmologista | Oftalmopediatra | Estrabismo
CRM 171602-SP | RQE 61365
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